sábado, 12 de outubro de 2013

Entre os lábios e a faringe


Cada peti pave é um passo apressado no coração do Centro da cidade dos pinhões que fazem calçadas. Que de mignon, ao lado do luminoso quente de placa com pastor alemão, na boca sem sorriso da Boca Maldita, não passa de coxão mole, talvez fraldinha. No máximo, cafetões com putas pobres sem dente, sorriso falso do velho falso rico advogado falido que lustrou os sapatos com o menino pobre na manhã de nojo, naquele café sujo, logo ali, na boca do brilho. Onde está sua língua, Boca Maldita? Não, você não forma mais opiniões. Cada mendigo louco embriagado de crack são suas aftas: ferida aberta e dolorosa, fazedora do câncer que matou seus pensadores com fumaça de cachimbo. CURITIBA: sua boca derreteu seu cérebro, sua boca cobra R$10 por um boquete, sua boca fuma Classic a R$1 comprado em terminais formigueiros de gente, sua boca engole seco o sopão dos caridosos nas noites de 0 grau.
Nem doses e próteses dentárias te farão curar. Seu lábio rachou entre esquerdas e direitas infundadas, exalam a podridão do hálito das loiras topetudas madames fúteis que já não te frequentam mais, das que te trocaram por shoppings centers. Bon Appétit, sua vaca! (seu espetinho de gato tá na mesa).

(Bruna Alcantara, Bar Mignon. 09/10/13)

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