E lá fomos. Com a
tia estrangeira que nos visitava, manhã de sábado, corredores lotados, para
ela, exatamente todas as frutas eram desconhecidas, e, sem se importar com
tempo, trabalho alheio e espaço disputado, perguntava aos vendedores, em espanhol, que sabor tinha a mimosa, como
se plantava as bananas (imaginei ela de ponta cabeça) e como se colhiam jacas.
Lembrou que precisávamos comprar ovos, e, das embalagens prontas de 1 dúzia,
ela quis alterar e convencer o vendedor de que só necessitava de 1 dezena. O
pior é que, nós brasileiros, somos extremamente receptivos com estrangeiros, e
minha tia estava se dando bem, já tinha experimentado de tudo e conseguido a
dúzia de 10 com desconto.
Hora do almoço, subimos para a área dos
restaurantes, onde ela quis usar uma mesa com toalha xadrez, de um determinado
restaurante, mas pedir o cardápio de outro, no que, felizmente, alguém a
contrariou.
Acomodados, escolhas sendo feitas, garçom anotando
pedidos. Eu escolhi filé a qualquer coisa, afinal, não como frango, detesto
frango, aversão por frango.
Nisso ela começou a bombardear o garçom com sua escolha:
– Moço, quero um filé à cubana.
– Perfeito, ao ponto?
– Mas pode trocar as frutas por fritas?
– Perfeito...
– Pode trocar o arroz por purê de batatas?
– Perfeito...
– Pode trocar o filé por peito de frango?
– Perfeito...
Chegaram os pratos à mesa, as famosas perguntas “de
quem é o filé?”, “de quem é a massa?” “de quem é...?” – no que minha tia diz:
– Vou ficar com o filé de carne e deixar meu
sobrinho com o prato que elaborei especialmente, como surpresa para ele.
(Fernando Nolasco, Mercado Municipal. 05/10/13)
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