Estamos os 3 aqui no Bar Mignon, minha
ironia, meu humor e minha observação, somos a Santíssima Trindade, apenas de
olho no que e em quem passa.
– Garçom, por favor, um chopp!
Vejo passar o Oil Man e seu parceiro, o
que menos me interessa é o que eles são: uma dupla desportista? Um par
romântico? Esse meu pensamento é logo distraído por uma espécie de ladainha,
mantra, lavagem cerebral, 45-0-21 – Professor Gaudino Professor Gaudino,
45-0-21. Opa! Olha quem está na mesa ao lado, conheci pela costeleta, o
ilustrador Fabiano Vianna, se eu fosse menos curitibano, pediria autógrafo. Vou
brindar esse fato.
– Garçom, um chopp!
Uma turma de
guarda-pó rosa passa distribuindo folhetos, outubro, mês da mulher, prevenção.
Vindo da direção contrária, um grande chapéu de fazendeiro, é o Zé,
ex-banqueiro, que para e compra um bilhete da Borboleta 13, a Cobrinha, com sua
voz irritante, assegura que lhe trará muito dinheiro.
– Garçom, mais
um!
Nossa! A
Gilda! Ela morreu, deve ser uma sósia. Deve ter uma convenção de sósias, pois
vejo a Odelair Rodrigues e a Lala Schneider abraçadas. Logo me distraio com a
Maria do Cavaquinho correndo atrás da piazada, com uma vara. Olha lá o cara
mais chic da cidade, o negro Bataclan, passando com suas polainas, chapéu e
bengala.
Não acredito! Ali, todo sorridente, o Ildefonso,
vulgarmente conhecido como Barão do Cerro Azul.
Acho bom parar
de beber. Estômago vazio, estou vendo coisas.
– Garçom, a
conta.... ou melhor, uma porção de fritas... ah, e mais um chopp.
(Fernando
Nolasco, Bar Mignon. 09/10/13)