Em frente ao relógio central da rua XV
entre os sons dos estalos dos calcanhares que voltavam às suas casas, qualquer
ruído era silêncio perto do turbilhão que é pensar em algo para ser dito.
Suportava um hálito de cigarro e um papo sobre qualquer coisa que tanto podia
ser Foucault quanto Tati Quebra-Barraco. Em Curitiba, tudo tanto pode ter um ar
pedante quanto sincero. Era como o bar que os acolhia com suas mesas
planejadamente desorganizadas sobre a rua, feito um boteco, mas o preço era
para turista. E a cada chopp o turbilhão se acalmava. As mãos já não estavam
mais presas ao bolso e as pernas mais abertas. Quase podia soltar uma risada
menos tensa e ideias mais soltas. Quase podia se juntar aos ruídos da rua XV.
Quase podia se afastar do relógio sem precisar passar pela boca maldita. Foi
quando uma figura de negro os interrompe:
– Amigos, a saideira.
A verdade é que em Curitiba o bar fecha no
quase.
(Nina
Zambiassi , Bar Mignon. 09/10/13)
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